Nasce o Menino Edge

O ano é 1973. As Bahamas se tornavam independentes, Pinochet fazia seu golpe militar para começar a arrombar o rabo do Chile sem dó nem piedade e aqui no BR tinha inicio o Caso Carlinhos, que não tem solução até hoje. É nesse fatídico ano que nasce nosso Edge, mas aqui ainda conhecido como Adam Joseph Copeland.

Foi ainda criança - com 10 aninhos - que nosso menino Copeland iria conhecer um tal de Jason Reso, hoje em dia conhecido mais como um tal de Christian, que fica brincando com uns dinossauros na AEW. Com 16 aninhos, nosso garotão - junto de seu amigão - estaria na Wrestlemania VI, em 1990, para presenciar uma histórica vitória de Ultimate Warrior em cima de Hulk Hogan, onde acendeu na sua cabecinha a vocação para ser wrestler.

Nesse tempo Ultimate Warrior e Hulk Hogan eram as maiores estrelas da WWE. É só depois de uns anos que um iria ser considerado um maluco desgraçado da cabeça e o outro gravaria um vídeo sendo racista que a WWE tenta esquecer até hoje. Mas isso é assunto para outra hora.

Nosso menino Adam Copeland iniciaria seus primeiros passos no wrestling no ano seguinte, em 1991 - agora com 17 aninhos - depois de ganhar um concurso, sendo inclusive treinado pelo Sweet Daddy Siki. Porém, como a vida de adulto fode os seres-humanos desde os tempos das cavernas, nosso garoto Adão abandonaria o esporte por ora, voltando só no ano seguinte, em 1992.

Um Início Sexy e Violento

A década de 90 chegou, e assim como os Backstreet Boys, Edge faria seu debut pra valer no cenário de wrestling... Ainda não como Edge, e sim como Sexton Hardcastle, mais precisamente no ano de 1992, em um evento em Toronto, em pleno Canadá Day!

Pense num 7 de setembro... Mas no Canadá.

Junto com um outro rapaz chamado Joe E. Legend, Hardcastle fez sua estréia como parte da tag-team Sex and Violence, lutando no circuito independente canadense. Traduzindo: empresas que não sabem se irão pagar a conta de luz no final do Mês.

Hoje as pessoas conhecem pelo termo “Start-up”.

Sexton e Joe entrariam para a Thug Life, um grupinho - ou stable, se preferir o termo na língua imperialista estadunidense - composta por Christian Cage, Rhino Richards, Bill Skullion e Zack Wyld.

Christian Cage é o mesmo amiguinho que foi com o Adam até a WrestleMania e dará as caras muitas (E MUITAS) vezes por aqui ainda. Rhino Richards é o nosso menino Rhino que faria um certo sucesso na WWE apesar de ter bracinhos de Tiranossauro Rex, e os outros.... Bem, os outros não são ninguém mesmo.

E não, esse Zack Wyld não é o guitarrista do Ozzy Osbourne.

Durante esse período de 1992-1995, Hardcastle e Cage fariam meio que um protótipo de uma das melhores duplas que já pisaram num ringue. Conhecidos antes como Hard Impact, esse nome não durou muito, sendo mudado para o sugestivo nome The Suicide Blondes, mostrando que desde esse tempo o mundo do wrestling tem uma estranha mania de colocar nomes que remetem a sites de pornografia.

Isso também é papo para outra hora.

Após uma passagem no Japão ainda junto com Christian - porém agora com o nome de Canadian Rockers - Edge troca o seu nome novamente para Damian Stryker, chegando a lutar com um tal de Meng - o lendário Haku da WWE - em um episódio da WCW Pro. Mas seria na cidade de Ajax, onde após um show, Edge impressionaria Carl de Marco. Esse caro senhor era nada mais que um agente do Bret Hart na época (o que ja fazia suas bolas crescerem um bocado), mas se tornaria presidente da WWE no Canadá, o que permitiria que Edge começasse a subir mais que pressão de hipertenso após comer um podrão na esquina.

Agora Sim! Finalmente Começa a Se Chamar Edge

Enfim Edge chegaria aos terrenos da WWE... Mas ainda como Sexton Hardcastle. Nosso grande CasteloDuro faria sua primeira luta em um house show, substituindo um oponente do Hardcore Holly (na época, Bob Holly - que é provavelmente um dos nomes mais imbecis que a WWE já usou). Adam continuaria fazendo uns bicos pela WWE, até que Carl de Marco (o maluco que virou o pica das galaxias, lembra?) mandou ele dar uma passada em Calgary.

Acontece que nessa época, Bret Hart havia fodido o seu joelho, porque é claro que sempre vai ser joelho, e a parte da perna que adora ferrar a tua vida, e como tava cansando de ver Terence e Phillip na TV, decidiu treinar uns caras para passar o tempo. Assim, Sexton treinaria ao lado de nomes como Mark Henry, Test e Ken Shanrock, conseguindo impressionar o tio Bret e ficando com as costas mais quentes que o Tocha Humana no meio de Copacabana durante o ano novo.

Após mais um período sem aparecer na TV, o grande dia começaria. Vídeos de um cara cabeludo, muito mal, que espancava pedestres indefesos nos becos e provavelmente sonegava imposto, começava a aparecer nas telonas. Tudo isso até que em 22 de julho de 1998, Edge estrearia, entrando pelo meio do público, pronto para chutar bundas e quebrar ossos.

E foi isso que aconteceu... Por conta de um golpe mal aplicado, Jose Estrada Jr - o seu oponente - lesionou feio o pescoço e o combate acabou tendo apenas 2 minutos de duração. Jose nunca mais faria nada de importante no wrestling e tanto ele, como seu parceiro de tag team na época, seriam dispensados no ano seguinte...

Sim, “lesão” e “pescoço” são duas palavras que andavam juntas e ferrariam a vida do Edge desde a sua primeira luta televisionada, como veremos daqui a pouco.

Mas tirando essa pequena gafe inicial, o primeiro ano de Edge foi um bom ano, tendo uma boa participação no SummerSlam numa intergender match - vulgo briga de casal - contra Jacqueline e Marc Mero, onde foi parceiro de Sable e participou de um excelente spot numa época que ver a divisão feminina no ringue dava vontade de comer vidro, além de ter vencido Vader no seu último combate televisionado no Capital Carnage antes de ser demitido.

Sim, aquele Vader que ficou famoso por PERDER UM OLHO ENQUANTO ESTAVA LUTANDO, e sem parar a luta simplesmente o COLOCOU NO LUGAR COM AS PRÓPRIAS MÃOS protagonizando uma das cenas mais filhas da puta que eu já vi.

[Edge vs Jose Estrada Jr.]

[Edge e Sable vs Marc Mero e Jacqueline]

[Edge vs Owen Hart] (primeira derrota de Edge na WWF/WWE)

[Edge vs Vader]

 Aaahh... Aquela Época Que Ele Virou Satanista

Caso você tenha visto a luta do Edge contra o Owen Hart que deixei o link acima, perceberá que um galante homem de cabelos loiros que provavelmente usa muito creme Dove apareceu e custou a vitória para nosso amigo Borda (jogue no Google Tradutor caso não tenha entendido essa). Esse caro rapaz é nada mais, nada menos que aquele Jason Reso, vulgo Christian Cage... Ou só Christian aqui na WWE. Mal sabiamos que a partir desse momento estaríamos prestes a ver uma revolução não só na divisão de duplas, como no wrestling em geral... Depois de uma paradinha um pouco bizarra.

E tudo começa com um cara: David William Heath... Popularmente conhecinho como Gangrel.

Daqueles personagens maravilhosos que apenas a Attitude Era poderia nos proporcionar, Gangrel era um vampiro, que fazia... vampirices... como usar óculos escuros por causa da luz e tomar sangue falso numa taça. Eventualmente, ele e Edge entraram em feud.

Durante essa rivalidade, Gangrel nos apresentou pela primeira vez o Christian, aquele amigo de infância de Edge que na história era nada mais, nada menos que seu irmão. Passou-se uns tempos, e após alguma insistência dos dois, Edge passa a se aliar a Gangrel e Christian, formando a lendária The Brood, uma stable de três vampiros que faziam vampirices e, apesar de ainda não ser Alter Bridge, tinham uma música de entrada maneira. No dia 13 de dezembro, no evento Rock Bottom: In Your House, a The Brood teria sua primeira vitória numa luta de trios, vencendo a J.O.B. Squad.

Edge também faria, já no ano seguinte, sua estréia no Royal Rumble, entrando como número 11. Infelizmente, seria eliminado pelo Road Dogg em 10 minutos. Sim, essa é aquela Royal Rumble de 1999 onde o Vince McMahon ganhou. Não é de hoje que a WWE tem umas ideias dignas de fazer você chupar uma espingarda.

Em 1999, Undertaker estava na sua fase diabólica trevosa que escuta Pata Negra e acaba absorvendo a Brood para a Ministry of Darkness, o seu grupinho de adoradores de Satanás. Porém, essa parceria não duraria muito, pois em maio daquele mesmo ano, o Ken Shamrock ia espancar o Christian forçando ele a falar onde o Undertaker havia deixado a Stephanie McMahon... depois de sequestrá-la do Vince McMahon, que era seu pai... para casá-la com a entidade superior da religião dele..... que na verdade era o próprio Vince........

Essa história da Ministry of Darkness é uma das paradas mais desgraçadas que a WWE já fez. Envolve satanismo, um quase incesto e teve até crucificação em pleno horário nobre semanal, e terá seu próprio A-Show dedicado totalmente a ela.

O que importa agora é que depois de Undertaker querer punir o Christian, a Brood simplesmente resolveu cortar relações com o boy lixo, e isso culminou numa luta de trios contra Bradshaw, Farooq e Mideon, onde nossos queridos vampiros de óculos escuros acabaram derrotados após Gangrel traí-los.

[Edge vs Gangrel]

[Promo do Gangrel para Edge no WWF Shotgun Saturday Night]

[The Brood se juntam a Ministry of Darkness]

[The Brood vs The Corporate Ministry]

Triangulos, Mesas, Cadeiras e Escadas

Enquanto a Ministry of Darkness se preparava para traumatizar todos os telespectadores, a Brood começa a engrenar gostoso na divisão de duplas, com Edge e Christian começando a lutar por oportunidades de títulos.

Teríamos o primeiro encontro deles com os Hardy Boyz no Sunday Night Heat e no King of the Ring de 99, o que serviria para dar um petisquinho do que seria uma das rivalidades de duplas mais extraordinárias de todos os tempos. Os nossos vampirões de cabelos sedosos conseguiriam lutar pelos títulos apenas em setembro daquele ano contra a New Age Outlaws, mas acabariam perdendo.

Porém, nesse meio tempo, Edge consegue o seu primeiro título individual, o Intercontinental Championship, num erro bizarro de planejamento durante um house show, onde sem querer acaba vencendo Jeff Jarret. Esse reinado precoce iria terminar no dia seguinte, no Fully Loaded, onde Jeff Jarret recuperaria o título que nunca deveria ter perdido e ficaria por isso mesmo.

Mas então a revolução na divisão de duplas começa. Após trair os dois protegidos, Gangrel decide que passaria a chupar agora os Hardy Boyz, formando a The New Brood que entraria em rivalidade com Edge e Christian.

Isso culminaria numa ladder’s match  - vulgo combate de subir escadinha - no No Mercy, onde estaria em jogo cem mil dólares e os serviços de manager da Terri Runnels porque se tinha uma coisa que a WWE não ligava naquela época era para a objetificação da mulher. O combate acabou sendo considerado como uma das melhores lutas do ano, elevando tanto os Hardys como Edge e Christian a patamares GIGANTESCOS dentro da divisão e deixando a platéia mais eufórica que bêbado com crédito no meio da October Fest.

Eddie, Christian e os Hardy Boys iriam se cruzar mais algumas vezes, chegando até mesmo a se aliar contra os Too Cool e os The Hollys numa 4-on-4 Survivor Series Match, que acabariam perdendo.

Eis então que nos anos 2000... na Wrestlemania 2000... Nome criativo... Edge e Christian fariam história novamente na clássica e, considerada por muitos, a melhor luta de duplas que a WWE já fez, a Triangle Ladder Match contra os Hardy Boys e os Dudley Boyz, onde ganhariam os títulos pela primeira vez.

Essa luta revolucionou a forma como as ladders matches eram feitas. Criava o conceito da Tables, Ladders e Chairs Match (ou simplesmente TLC Match), que é utilizado até os dias de hoje. Pessoas cagavam nas calças até atingirem o teto de tamanha excitação, acordos de paz eram realizados entre nações e John Lennon aparecia direto do paraíso para cantar Merry Xmas, voltando envergonhado para o céu depois de perceber que ainda estávamos em Abril.

E assim, as personagens de Edge e Christian também mudavam. Antes vampiros que andavam com raibans maneiros da capricho e bebiam sangue de mentirinha, agora viravam cada vez mais aqueles vilões zoeiros, que sacaneavam seus adversários no melhor estilo “trolei muleque” e criavam a sensacional Five Second Pose, que se tornou meu jeito padrão de tirar fotos até hoje.

...essa última parte eu trato com algum psicólogo algum dia.

Nos meses seguintes, Edge e Christian iriam entrar em rivalidades com tag teams já consagradas, como a D-Generation X, os Too Cool, a APA, os Hardy Boyz novamente... tudo isso até a Royal Rumble de 2001, onde perderiam os títulos para os Dudley Boyz e não conseguiriam recuperar no PPV seguinte contra os próprios Dudley e os Brother os Destruction. Uma série de derrotas viria a seguir, finalizando o momentum da tag-team e a primeira era da carreira do Edge na WWE.

[Edge e Christian vs The Hardy Boyz - No Mercy 1999]

[Edge, Christian e Hardy Boys (w/Terri Runnels) vs The Hollys and Too Cool]

[Triangle Ladder Match: Edge e Christian vs Hardy Boyz vs Dudle Boyz - WrestleMania 2000]

Já era chegada a hora de separar a dupla de amigos de infância e Edge começar a seguir sua carreira solo, que é onde ele realmente vira a lenda que é considerada hoje. O nosso ex-vampiro estava prestes a abandonar as five second pose photographies, e após um pequeno período como bonzinho, se tornaria um dos maiores vilões que já pisaram no ringue da WWE.

...e o cara que fez eu conhecer Alter Bridge e chamá-los de Metalingus por muito tempo.

Mas isso é assunto para a parte 2 desse post.

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Enfim, estamos chegando ao fim da edição do A-Show, onde cobrimos a primeira era desse que é considerado um dos maiores heels de todos os tempos da WWE... num momento que ele ainda não era tão heel assim. Na próxima edição (caso não tenha nenhum par-per-view que eu decida fazer preview), continuaremos com a nossa Rated R Superstar Story, onde Edge finalmente começara a tomar seu rumo como lutador solo, acumulando títulos, boas rivalidades, boas lutas, mas que infelizmente serão interrompidas graças aquela mistura perigosa de "lesão" e "pescoço".

Até lá se cuidem, se mantenham fora da cadeia e não usem drogas, e qualquer erro só avisar aí.

E como musiquinha final, deixo aquela música boa do Alter Bridge que achei que era do Nickelback.

REISE, REISE!